sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Perdas e ganhos


Eduardo acorda com a sensação de ter perdido algo. Quando olha para o lado, está sua mãe com o celular e um papel na mão.
“Sua amiga saiu há uns 30 minutos”, ela lhe entrega ambos.
Com pressa e sem entender o porquê, Edu lê o papel. Na mesma hora, fica inquieto. Sabia que tinha de sair dali na mesma hora, mas não conseguiria com sua mãe por perto. Tinha que pensar rápido. Como um flash, uma ideia surge na mente dele.
“Mãe, estou com sede. Pode trazer um suco pra mim?” – perguntou e fez aquela cara de cachorro “pidão” que a mãe não suportava.
Alice estava em casa, já havia ligado para todos e todos estavam eufóricos, menos ela. Porque seria? Todos tinham apenas motivos para ficar felizes, mas ela não.
Assim que a mãe saiu, Eduardo pegou a mochila e começou a vestir suas roupas. Mas, sabia que tinha de ser rápido para sair dali antes que a mãe voltasse.
Alice pegou a mochila e as chaves do carro e da Kombi. Não podia esquecer o violão. Não costumava tocar violão no show. Não importava se haveria vaias, ou se o pessoal não gostasse. Ela faria uma parte acústica, se fosse preciso. Naquele dia ela cantaria a música feita para Eduardo.
Eduardo se veste e sai rápido, mas com cuidado. Não podia deixar que a mãe ou o médico vissem. Antes que chegasse ao fim do corredor, avista o médico. Olha para o outro lado, e vê a mãe vindo com o suco. “Droga! E agora?”
A Poeira Cósmica chega ao evento. Todos estavam muito falantes, mas Alice passou o caminho inteiro distante. Sua alma estava no hospital, com Eduardo.
Eduardo decide arriscar o lado do médico. Vê um enfermeiro indo para lá e fica ao lado do enfermeiro, se escondendo. Consegue passar pelo médico, sem ser percebido. Dali para frente, o caminho para a saída é livre. O fotógrafo sai do hospital, se sentindo um ninja.
Alice e o pessoal começam a arrumar as coisas. Montam os instrumentos. Fazem a passagem de som. E ela? Calada, sempre que possível.
Eduardo pega uma van para o local do show da sua vocalista preferida. Põe a mão no bolso e verifica se a música que fez estava lá. “Sim!” Estava. Um leve sorriso com uma dose de esperança invade o coração do rapaz. “Eu vou conseguir.”
A banda se prepara. Há muita gente no lugar. Eles estão felizes, mas a vocalista parece estar triste. Ninguém sabe o que há com ela.
Eduardo consegue chegar. Está na porta do lugar. Agora só resta entrar. “Tomara que o ingresso não seja caro...” – ele pensa, lembrando que não estava com muito – “... e que ainda tenha ingresso.”
Lá dentro, Alice está pronta. Ou pelo menos quase pronta. Falta algo para ela. Falta alguém. Falta Eduardo.
Do lado de fora, Edu ainda ouve uma voz conhecida, mas triste. “É ela!”
Alice inicia a primeira música, mas, nos pensamentos dela “Isso não será um show. Era pra ser o melhor, mas será apenas um lamento.”

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