quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Sorte ou azar?

Alice chega ao Hospital da Posse, com uma sensação de urgência. Ela não tinha noção de como era lotado o lugar. Só de pensar no seu Eduardo ali, Alice sente um aperto no coração ainda maior. Por sorte, aquele era o horário de visitas e ela pôde vê-lo. Mas, não havia tanta sorte assim: ele estava dormindo. Alice conversou mais um pouco com a mãe dele, Dona Alda:
“Ele está bem?”
“Sim, foram só arranhões. O mais grave mesmo foi a fissura no pé, mas o médico falou que ele teve sorte.”
“Que bom. Fiquei bastante preocupada!”
“Ele fala muito de você, Alice... Você gosta dele não é?”
Uma Alice vermelha e envergonhada respondeu apenas com um aceno de cabeça, pois a voz – e ela já estava se acostumando a ficar assim quando o assunto era Eduardo – havia sumido.
“Bem, vou deixar você um pouco com ele, preciso de um lanche!” – respondeu Dona Alda, percebendo a dificuldade da garota em falar dos seus sentimentos.
Alice fica ali, olhando seu querido Eduardo. Pensou em como foi idiota por brigar com ele, quando ele só se preocupava com ela. Pensou em como foi idiota por não entendê-lo. Pensou em como ficou preocupada quando soube do acidente.
Ela estava perdida em seu mundo, quando uma ligação a traz de volta. Ela atende rapidamente e descobre que é o produtor de um evento grande.
“Oi, tudo bem?”
“Ah, sim. Alice, estou te ligando para perguntar se a Poeira pode tocar hoje, aqui?”
“Mas...”
“Eu sei, é muito em cima. Só que uma das bandas não pode vir, e pensei na sua. Sabe como é? Tem o mesmo estilo e tals.”
“Nós adoraríamos, mas tenho que falar com o resto do pessoal.”
“Ah, claro que eles vão querer. Fechado então! Já sabe que vocês abrem o evento né? Espero por vocês!”
Antes que ela pudesse falar algo, o telefone desligou. E a dúvida caiu sobre o coração da vocalista. Um golpe de sorte ou de azar que tudo acontecesse dessa forma? Olhou para o celular e para Eduardo.
Novamente, os pensamentos vêm para Alice como uma rajada. Ficar com Eduardo era o que ela queria, mas essa chance era única. Jamais o pessoal a perdoaria se ela não fosse. Pensou em como não conseguia sequer dizer que gostava dele para a mãe. Havia anos de estrada em jogo. E se eles conseguissem fazer sucesso, Alice não provaria o poder da música pros pais. Alice se sentiu uma perfeita idiota. Nunca havia se sentido assim na sua vida, mas começava a perceber o poder que Edu tinha em fazê-la descobrir novas coisas, mais do que isso, novos sentimentos. Subitamente, pegou um pedaço de papel e escreveu algumas palavras.
“Gostaria que você estivesse comigo lá”. Assim terminava o bilhete. Deixou embaixo do celular de Edu e saiu, apressada e triste.

Nenhum comentário:

Postar um comentário