sábado, 31 de dezembro de 2011

Estranhamente diferente


O dia já tinha amanhecido e Eduardo estava de pé,  pronto para ir para a faculdade. Antes de sair pela porta de casa, ele pegou a foto que Alice acidentalmente deixara cair em suas mãos noite passada, e a guardou no bolso. Não era por causa da cara dele na foto, mas atrás seu nome estava escrito com as letras engraçadas e belas de Alice. Com corações desenhados.
A viagem foi como sempre, trem lotado de pessoas. A manhã na faculdade não foi tão cheia, e Eduardo saiu mais cedo, o que deixou tempo livre. Mas estar livre, paradoxalmente, só o prendia mais em Alice.
Eduardo chegou em casa, tomou um banho e pensou em descansar para mais tarde poder trabalhar no sebo. Ele tentou pensar nos afazeres daquele dia. Livros chegando, e livros para catalogar. Mas nada prendia o suficiente para deixá-lo calmo, então desistiu por completo de tentar se segurar. Simplesmente, pegou o telefone.
O telefono tocou uma...duas...três...quatro vezes. E Eduardo já dizia a si mesmo.
“Ela não está em casa, e eu disse que ia ligar, será que liguei tarde? Será que ela está ocupada..?! Será que...”
Alice o interrompeu com voz meio sonolenta, porém feliz ao saber que era Eduardo, que  disparou convidando-a para sair mais tarde. Ela aceitou e, mais tarde, eles se veriam.
Na hora certa do encontro, às 21h30min, estavam eles juntos em um bar e, em frente, rolava uma festa de rock alternativo. As músicas ali chamaram a atenção dos dois, que curtiam, à distância, o som lá dentro.
A festa estava bem cheia, e ambos saíram do bar suficientemente altos, mas havia algo de diferente em Alice. Eduardo percebera. "Não era apenas a bebida."
Estava frenética e seu sorriso parecia cansado, algo nela não estava no seu lugar.
Os dois saíram da festa e, mesmo sabendo agora onde ela morava, Eduardo teve um vislumbre da imagem grotesca de seu pai ao vê-la naquela alegria frenética que estampava o cansaço no seu rosto.
Ele pensou em levá-la para a casa dele e ela logo concordou, mas agora iam eles, numa estranha distância, algo que estava prestes a surgir.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Após o beijo

Após o beijo, ambos olhavam para os lados na tentativa de disfarçar o semblante, e na procura por algo a dizer. Agora já era noite e aquela noite parecia mais fria, agora que o beijo tinha terminado. Alice olhou o relógio, já era tarde, mas ela nada disse.
Sobre a murada, estavam repousados a fotografia, e o scrapbook. Caídos um ao lado do outro, quando o beijo começou.
“E agora, o que eu digo? Será que devo dizer que foi a coisa mais incrível que me aconteceu... sei lá... nos últimos dez, vinte anos da minha vida, ou melhor, da minha inteira ?!” - Eduardo pensou, e sabia que não estaria mentindo pra si mesmo ao falar isso, mas não queria assustá-la, tinha medo de acabar com o clima que estavam.
Enquanto davam sorrisos sem graça e viam a cidade, estavam tentando achar o que fazer naquela situação. Observar a noite cair na cidade, e sobre eles, acabou sendo mais do que uma distração. Eles se aprofundavam mais em pensamentos, embora demonstrassem  tranquilidade. Algo os uniu um pouco mais, em meio à aparente inércia que seguia. 
Com as mãos próximas umas as outras, eles as uniram de um modo simples. Aquilo pareceu caloroso e deu vida à paz entre eles.
“O que ele deve estar pensando? Será que ele imagina o quanto isso significou pra mim? Acho que esse meu lugar aqui, onde sempre venho, vai ser mais do que um lugar para inspirações...Vou sempre lembrar do Edu aqui, com essa cara de bobo, me olhando, sorrindo pelos cantos da boca. E eu aqui não querendo parar de sorrir também...”
Alice pensava, até que ambos foram surpreendidos por uma voz rouca que gritava algo. Era o pai de Alice, ele queria mesmo era saber até quando ela ia ficar lá em cima com "o garoto", assim ele chamou Eduardo.
Eduardo se endireitou, ainda sem graça, sabia que tinha perdido a noção do tempo, assim como ela. Eles se abraçaram de um jeito sutil, no qual poderiam ficar pela madrugada toda.
Mas Alice o levou a porta.
"Bom...Foi muito bom, digo...incrível, er...Obrigado..ah..Eu te ligo, e eu te..te ligo." – Aquilo era muito e a despedida não ajudou, foi difícil.
"Sim, Eduardo. Foi sim... E..." - Alice sorriu para ele dizendo, mas foi interrompida pelo seu pai que tinha dito mais algo incompreensível.
"Eduardo... Espero que sonhe com o que aconteceu hoje a noite, pois eu vou sonhar. Boa noite!"
E, antes que Eduardo pudesse dizer algo, ela fechou a porta. Antes lançou um olhar lindo, de carinho, deixando claro que, por ela, aquela porta não fecharia, e ele ainda poderia ficar.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Uma surpresa brilhante

Além da luz nublada daquela tarde, havia algo brilhante nascendo no rosto de Alice. Era uma lágrima que ela deixava cair, enquanto absorvia o que tinha acabado de acontecer. Alice tentou disfarçar, se assustou com a própria lágrima e o como aquilo foi bom para ela.
Eduardo se aproximou e secou sua lágrima com um toque suave no rosto dela. E esse mesmo toque a trouxe suavemente para mais perto dele, se olhavam sabendo o que estava para acontecer, mas tudo parecia durar muito mais tempo.
Quando fecharam os olhos, já estavam em um beijo que se misturava de leve com um toque salgado de uma lágrima, que não caíra do rosto de Alice.
Os pensamentos deles partiam pela pré-noite, no primeiro beijo. O beijo foi fluindo e acelerando muito mais do que o coração. Em suas mentes, seus pensamentos voavam rápidos em um fluxo louco de sensações que se esbarravam umas com as outras, mas não era caos, não era nada ruim. Ao contrário, era algo bom que ambos sentiam  de verdade, pela primeira vez. Não era apenas um beijo, era algo além, um lugar onde eles sabiam quem era, e o que sentiam um pelo outro.  
Até que abriram os olhos e se afastaram lentamente, um olhando para o outro, o rosto dos dois era uma mistura de sentimentos, estavam claramente felizes mas também não sabiam o que dizer.
Estavam confusos e meio sem graça, entretanto exibiam um sorriso pequeno que por dentro se abria em um largo sorriso, sorriso o qual, logo, queriam eles exibir um para o outro.
“Alice! Desde o dia em que te vi, isso tudo me fez sonhar, e agora a sinto aqui tão perto de mim!” Era uma onda de felicidade e calmaria...
“Eduardo! Você me fez chorar, seu garoto... como você pode ter feito isso? Mas, seja como for, você o fez e do modo mais bonito, porque foi tudo de felicidade...”
“Já não bastava ser essa pessoa maravilhosa que ela é, ainda beija tão bem!!”
“Esse garoto... Eduardo, você é um estranho conhecido, alguém que faltava pra mim.”

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Pedaços de momentos

A tarde se passava aos poucos, e tão aos poucos era, que ainda se ouvia os carros ao longe, no caos pré-noturno da cidade. Enquanto que mais alto, era outro ar que envolvia Alice e Eduardo naquela tarde.
Com cara de quem estava em um sonho! Era assim que estava Eduardo na fotografia que ele encarava, e era assim que ele estava mais uma vez, só que agora ao lado de quem o fizera parecer tão longe naquele dia.
Ele sorria para ela, deixando escapar pelo canto de seu sorriso uma expressão, que qualquer um poderia saber o que era. Era emoção, daquela que parece somente existir em filmes, ou em livros empoeirados de velhos romances.
"Alice! Você tirou essa fotografia naquele primeiro dia, no mesmo dia em que fiquei como um louco tirando fotos suas. E parece que você captou bem o quanto eu estava perdido. Eu não imaginava que tinha isso, não imaginava que você tinha me olhado antes também." - Disse Eduardo, mal acreditando que, no primeiro dia em que a viu, ela tirou uma foto sua, enquanto ele estava só pensando nela, e quase cego para todo o restante a sua volta.
"Eu também vi algo em você e, quando pude, decidi guardar você de alguma forma. Talvez não o visse mais e isso estranhamente me pareceu tão ruim, mesmo não conhecendo nada de você. Não foi comum." - Disse Alice, sentindo que seu coração devia estar batendo tão calmamente acelerado quanto o dele.
Eduardo abaixou a cabeça e Alice pensou que ele não falaria mais nada. Nesse momento, as mãos de dele seguravam um scrapbook com fotos dela. Ele guardara em sua bolsa, há muito queria entregar a ela, e aquele era o Momento. Era fruto da inquietude que não o deixara dormir por tantas noites após aquele primeiro contato.
Sorrisos... expressões suaves... e sérias. Tudo estampado nas fotografias, coladas em páginas rabiscadas com palavras, que juntas eram poesias disfarçadas. Aquilo era demais para Alice.
Ela sentiu que todo o céu estava mais próximo, e não havia dúvidas em sua mente.
E, como o céu, seu rosto se iluminou com o que ela pensara ter a muito perdido, ou não encontrado mais.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Um esconderijo a céu aberto

Alice levou Eduardo para um lugar de tamanha importância para ela, o lugar onde ela costumava compôr suas músicas, algumas poesias  e melodias: A cobertura de seu prédio. De lá, Alice podia ver grande parte da cidade, era seu esconderijo a céu aberto, costumava ela dizer.
Os dois se olharam e o silêncio se fez por alguns instantes, até que Alice o quebrou:
"Como você chegou aqui ?"
 "O modo como cheguei aqui não importa tanto quanto o motivo que me trouxe. É  motivo Alice. E você sabe qual é. É só você!"
Disse Eduardo  quase sem respirar, enquanto Alice encarava a cidade à tarde. Até que foi sua vez de dizer, pois ela olhou para o par de olhos esperançosos de Eduardo e perdeu o medo de suas palavras.
"Eduardo, me desculpe por ter saído da sua casa naquele dia, daquela forma... Foi medo, foi algo que não pude pensar direito, na verdade eu sei o que foi... E foi isso que me assustou."
Ela o olhava como um alguém abandonado, parecia solidão que se diluía em palavras. Mesmo se sentindo cada vez mais profundo naquele mar de dúvidas, Eduardo sabia que sendo Alice, ele respirava.
"Alice, você pode me dizer o porquê de ter ido? Juro que depois disso me sentiria menos louco."
Alice virou seu rosto na direção do vento e disse suavemente.
"Eu disse que sei o porquê o deixei naquele dia. Foi por ser algo novo, diferente, e verdadeiro pra mim." – Enquanto disse Alice deixou cair do bolso, uma fotografia que foi aterrissar aos pés de Eduardo. 
Era ele mesmo, em meio a pessoas que iam para todas as direções, estava com um ar perdido, de quem estivera sonhando e acordara sem saber onde estava.
Ele pegou a foto com as mãos e Alice o encarou quase sem acreditar que deixara aquilo acontecer: a fotografia de  Eduardo confirmou o sentimento novo que Alice descobria. Mas as mãos dele já estavam no rosto dela, e ela não se sentiu só, nem medo houve.
O sorriso mais belo foi desenhado no rosto dos dois, o sorriso verdadeiro de quando não se precisa falar nada, quando não há tempo, nem verbos que quebrem um silencio tão completo.
Assim como aquela fotografia, Alice entregou a ele também seu sentimento, que era diferente e verdadeiro. E aquilo se encaixava perfeitamente no sentimento de Eduardo por ela.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Novamente, o pai!


Durante cinco minutos, ele ficou olhando a porta e lembrando-se de tudo que tinha ouvido falar sobre o pai da moça.
Apertou a campainha tentando fazer o mínimo de barulho possível e rezando para quem atendesse a porta fosse a mãe ou a própria Alice. Mas a sorte... Ah, a sorte não estava em seu lado naquele momento.






 "Pois não?" - a voz tinha um tom tão ríspido, que ele começou a entender o porquê da fama que o homem tinha.
 "Er.. Bom dia, senhor!" Uma tentativa de ser educado, mas logo foi cortado.
 "Fala logo rapaz, não tenho seu tempo!"
Eduardo viu que não iria ter sorte com o pai dela, então não pensou duas vezes e não tocou em momento nenhum em assunto de banda.
 "Bem, sou um amigo da sua filha, a conheço da faculdade. Ela deixou umas anotações muito importantes comigo, será que posso entregar a ela, pessoalmente?"
O Senhor fez um sinal de que ele poderia entrar e já foi logo gritando por Alice.
Ao perceber a presença do menino, ela pede pra ele esperar e se tranca no banheiro por alguns segundos. Queria pensar no que poderia falar com ele, pois sabia que ele foi buscar algumas respostas.
Enquanto isso, ele caminhava pela casa e encontrou uma porta semi-aberta: era o quarto de Alice. Ele entrou e começou a prestar atenção em cada detalhe daquele espaço, olhou suas fotos, alguns cadernos com composições da menina e, quando olhou para a porta, estava ela, parada e olhando para ele.
Ambos estavam assustados, e ela, quando percebeu que ele estava perto de algumas fotos, foi ate ele e pegou uma, na tentativa de esconder do rapaz.
Os dois se olharam, meio que sem palavras. Nenhum sabia como começar a falar, então é ela que solta as primeiras palavras:
"Me acompanha, vou te levar ao meu lugar favorito!"

domingo, 25 de dezembro de 2011

Uma manhã vazia

O sol entra pela janela, iluminando a sala e trazendo à tona um Eduardo ainda sonolento. Assim que ele pôde abrir  os olhos, eles foram direto para o sofá  na esperança de ver Alice deitada em seu sono profundo. 
Ele vê o vazio e logo desperta de qualquer indício de sonolência ou paz. Quase que instintivamente, ele procura por algum bilhete, algo que explicasse a repentina saída da menina, mas nada foi encontrado.
Ele anda pela casa na esperança de vê-la no corredor, ou até mesmo em seu quarto.  Eduardo viu suas coisas no quarto ainda no lugar, como sempre na aparência de um pós-terremoto, ou algo do tipo, mas tudo em seu lugar.

Havia muito pra entender e só quem poderia explicar era Alice. O telefone toca sem respostas na outra ponta da linha e, a cada chamada que não era atendida, mais confusão causava na cabeça de Eduardo.

Ele entrou em um estado de vazio, sem saber o que fazer, ficou sentado no sofá até que pensou em algo.
Eduardo decidiu falar com alguém: um integrante da banda “Poeira Cósmica”, a banda de Alice. Eduardo ligou para o guitarrista da banda, Marcus, o qual havia conhecido superficialmente. O mais importante era que ele sabia onde Alice morava.
Sem pensar muito ele toma um café rápido, um banho e sai em busca de respostas. Com o endereço em mãos e o coração mais do que acelerado, ele partiu pelas ruas movimentadas, quase como um fantasma pelas ruas. Era uma sensação de desespero, e as perguntas não paravam de reaparecer em sua mente confusa.



“Onde está Alice?” “Por que ela foi embora assim?” “Será que está bem?”
Rapidamente, ele já estava em frente ao prédio onde ela morava. Nunca tinha sido tão fácil encontrar algum lugar em sua vida, pois ele sentia que seu coração estava lá. 
O elevador subiu assim como seus batimentos cardíacos, levando-o a porta do apartamento.






sábado, 24 de dezembro de 2011

A realidade após o sonho


Com uma visão um pouco turva e muitas dores de cabeça, Alice acordou...
Olhou tudo em volta e não conseguia identificar o lugar onde estava. Então, começou a andar pela casa. Foi para a cozinha, havia uma mesa pronta para dois, mas não havia nada nela.
Andou um pouco pela casa, até que chegou ao quarto: um local um tanto quanto organizado, cheio de quadros, fotos de lugares e paisagens, postêres de algumas bandas que ela também gostava, e muitos livros, mas nada que identificasse o dono do quarto.
Ainda um pouco tonta, andou mais um pouco até a sala e, enquanto procurava sua bolsa, ela avista Eduardo, deitado no sofá, parecia um pouco desconfortável, mas com aparência serena.
Ela parou em frente a ele, olhou para aquela expressão do rapaz que parecia dormir como um anjo, e coisas boas passaram pela sua cabeça. 
De repente, como num piscar de olhos, ela só conseguia pensar no pesadelo que teve. Parecia que era só olhar para ele e começar a ter alguns sentimentos muito surreais.
Então, sem pensar muito, ela pegou suas coisas e saiu, tentando fazer o mínimo de barulho possível e não acordar o rapaz.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Um sonho de Alice


Alice abriu os olhos, tudo estava mudado, e não havia mais Eduardo no chão da sala.

Vultos passavam, e seres estranhos se formavam na luz fraca. Tudo parecia ser feito de fumaça e por onde ela passava as coisas iam se desfazendo.
Alice caiu em um turbilhão pavoroso, onde seu grito ecoou por entre milhares de objetos desconexos.
Como se um furacão tivesse levado para ali todo o tipo de coisa.
Ela caía cada vez mais rápido e, no fundo, via alguém olhando para cima com um sorriso estranho e de braços abertos prontos para segurá-la. Mas um vento estranho o levou, ele se desfez e sobrou apenas o chão, cada vez mais próximo.

Tudo escureceu.

Alice acorda e vê tudo em seu lugar: Eduardo ainda ao chão da sala dormindo. Ela estava perdida em um pesadelo. E esse pesadelo a fez se sentir deslocada.

Ela estava na casa de Eduardo, aquelas sensação e situação eram novas.

Alice pensou em ir, não sabia o que fazer, esperava se desculpar depois, mas não podia ficar.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Indo para casa

"Eduardo! Eduardo! Aqui!"
Com um sorriso no rosto, Alice vinha correndo enquanto um Eduardo estático tentava acreditar no que via. Ele simplesmente não esperava por aquilo. Surpreso, e bobo demais Eduardo tentar falar algo.
"Alice! Você ?! A essa hora, o que está fazendo aqui ?"
"Eu...Estava passando por aqui mesmo, comprando umas coisas... Err... Ok, eu  vim ver você mesmo, queria falar com você e vi que você viria nessa festa. Então decidi vir e por sorte te vi..."
"Bom, já que estamos aqui no meio dessa noite, vamos tomar alguma coisa, tem um bar legal aqui perto. E aliás você disse que queria falar comigo..."
"Bom, um bar, é isso que precisamos... Vamos!"

Os dois foram cruzando as ruas, jogando conversa fora. E, como sempre faziam, olhando um ao outro naquele olhar quase bobo. Belos olhares em uma noite.
Eduardo não pôde se conter e disse:
"Bom, preciso dizer, mas nem sei muito bem como me expressar...Sobre como é bom te ver aqui."
Alice somente sorri, e nada diz.

...Uma cerveja, duas cervejas..Até que entre conversas e sorrisos ela descansa sua quinta longneck, enquanto ele tinha terminado apenas uma.
Eduardo ainda pergunta para Alice o que ela queria falar com ele, mas só consegue essa resposta: “Estou aqui, porque... porra, você tá girando!” E ela ri disso, ainda assim daquele modo, o qual  Eduardo considerava meigo e sincero demais.

Ela veio do nada, e no estado em que estava não tinha como voltar para casa. Ele nem sabia exatamente onde ela morava. Acabou decidindo levá-la para sua casa e simplesmente cuidar dela.
Eram 00:30, relativamente cedo para se estar em casa, e a mãe de Eduardo já dormia.
Alice chegou falando e abraçada a Eduardo. Ela deitou no sofá da sala, olhando para ele disse
-"...Queria dizer, que... senti saudades..."
Ela parou de falar. Ele sentou ao lado dela enquanto a via desabar no sono.
Depois de minutos, são seus olhos que pesam e ele dormi, bem no chão da sala, ao lado de Alice.
A noite dos dois terminou ali, de um modo que os dois nem imaginavam acontecer.



quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Uma noite quase acabada

Eduardo estava em sua casa, fazendo uns preparativos para um evento - que só aconteceria semana na semana seguinte - movia coisas em seu quarto, editava algumas fotos...Tudo na esperança de matar o tempo.
Ele cantava suas músicas preferidas no volume máximo, como se pudesse calar sua mente que só o lembrava da voz de Alice, e das imagens daquela noite que tiveram. Eduardo achou que foi a noite de sua vida, como se tivesse nascido outra vez, e bem ao lado dela.


 De repente o celular dele toca: é Caio, seu amigo barman.
“Hey cara! A noite parece ta quieta pra vc, vamos sair..Tah sabendo q vai ter o show da Cinderela Destrutiva, no Galpão Fase 1. Se liga, toh te enviando o flyer no e-mail  =D  responde aí se vai, até mais”
"É, creio que eu vá mesmo, talvez o som de uma banda legal me deixe menos inquieto, distraia minha mente. Então... Bom... Minha noite vai mais silenciosa do que nunca, eu vou sim... A gente se vê lá então, ok?! =) ”

Alice estava em seu quarto fazendo alguns ajustes em  seus projetos para a faculdade e, olhando pela janela, algo lá fora a chamava para sair, mas ela tinha que ficar. TER que fazer algo! Essa era uma das definições que Alice detestava. Mesmo gostando do que fazia, ela queria estar fazendo outra coisa, como estar em outro lugar, com um certo alguém.
No facebook,  conversando sobre seus projetos com um pessoal da faculdade, ela viu um evento que iria acontecer naquela mesma noite. O mais surpreendente e capaz de tirar um sorriso do rosto da vocalista foi o "EU VOU" dado por Eduardo - Sim! O seu Eduardo! - no dito evento.

Em meio há algumas pessoas indo pra lá e pra cá, Eduardo não se sente bem. Cansado, ele decide sair e ir para casa, já havia curtido o que a noite tinha a oferecer e só pensava em desabar em sua cama e apagar.

Na saída, ele distraidamente olha para um lado, mas quando olha para o outro, lá está Alice.
A Esperança quase sumida dentro de Eduardo, de repente, reaparece personificada nela mesma. Ali, parada, ainda ao longe, gritando seu nome e, ao mesmo tempo dizendo com seu olhar: um 'Olá!' , um 'Boa Noite!', um 'Não Sei O Que Estou Fazendo Aqui, Mas  Acho Que É Saudade' ...
E ele respondia quase que não acreditando...



Seja o que for, a noite novamente os uniu.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Um novo despertar

Mal tinham se deitado e os despertadores de ambos tocam quase em sintonia perfeita.

Eduardo iria se atrasar pra sua primeira aula. Não era uma coisa que ele gostava de fazer, mas naquele dia parecia que nada importava. Ele só conseguia pensar em Alice.
A menina também não parava de pensar nele. Ela ainda tinha um tempo antes de sair de casa e, enquanto se arrumava, se lembrava dos detalhes da noite anterior. Seu pai já não estava mais lá e a menina nem conseguia mais lembrar da briga que tiveram, só pensava na noite junto ao rapaz.
Na hora do almoço, Eduardo estava com os amigos e não conseguia esconder que alguma coisa havia acontecido. Todos ficavam perguntando o que tinha acontecido de tão especial para o rapaz estar com aquele ar tão feliz no rosto. Nem mesmo Eduardo conseguia entender o que estava sentindo naquele momento, que dirá explicar para alguém!
Quase que no mesmo horário, Alice estava no galpão, onde sua banda ensaiava, fazendo uma música para a letra escrita poucas horas atrás, quando ainda estava com Eduardo.

Eduardo, no sebo, trabalhou tão bem. Conseguiu até vender um livro para o cliente mais rabugento . Ao final da venda, Edu respirou fundo. Não sabia porque estava tão calmo e tranquilo. Sem querer, pôs a mão no bolso e pegou o guardanapo com a letra miúda de Alice.
Do outro lado da cidade, uma voz soava límpida, doce, suave, perfeita aos ouvidos e feliz: era Alice cantando a música ainda sem nome. Ela queria mesmo que Eduardo a ouvisse, por isso cantava como se disso dependesse sua vida. Nunca havia cantado tão bem.
Ambos tiveram dias normais, atarefados e cheios de complicações cotidianas... Mas, apesar disso tudo, os dois só conseguiam pensar um no outro. Mesmo de longe, os dois ainda pareciam conectados. 
Era quase noite, Alice já estava em casa fazendo um projeto da faculdade e Eduardo, no ônibus, rumo de casa. 
O celular de Alice toca, era uma mensagem do rapaz: “Não consigo parar de pensar em você, queria que soubesse”.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Uma inspiração e vários versos


Chegando ao "fast-food" mais próximo, os dois não se aguentavam.
Era uma mistura forte de fome e sono, mas a fome conseguia ser ainda maior. Os dois tinham compromissos para o dia próximo a nascer, mas não se importavam. Na verdade, nem lembravam que esse dia já estava para chegar, por causa dessa linda e divertida noite juntos.
Eles fizeram o pedido e, enquanto esperavam, Eduardo se levantou para ir ao banheiro.
Alice ficou sentada perdida no tempo olhando para o nada e se deparou com uma grande inspiração. Aquela noite foi muito inspiradora pra ela. Então, ela pegou uma caneta e um guardanapo e começou a escrever...
... As palavras pareciam fluir no papel...

Pronto, estava feita uma música sobre aquela noite dela com o rapaz.


domingo, 18 de dezembro de 2011

Uma noite inesquecível

Eduardo e Alice se encontram na Via Light. Alice chega no seu carro em ótimo estado e Ele, de moto-táxi. Logo, percebendo que ela está transtornada, Edu diz:
"Vamos chega pra lá! Hoje, serei seu motorista e guia turístico."

"Via Light?! Eu já conheço cada bar do Pólo Gastronômico! E já até cantei em alguns."
"E quem disse que eu pensei em levar você pra algum bar aqui? Hoje, vai passear comigo sem saber o rumo." - Ao falar isso, Eduardo pega a direção do carro, dirigindo em direção ao viaduto do Bairro da Luz,virando o carro em direção ao K11.
Alice repele a ideia, quase que involuntariamente:
"Não quero ir para o K11!"
"Confie em mim!"
Conforme vai passando por cada local, Eduardo vai narrando os pontos importantes.
"Logo ali fica a Pedreira, na direção contrária a que vamos fica a Serra do Vulcão.."
"Isso tudo eu já conheço! Você sabe que eu salto de para-pente!" - diz uma Alice impaciente.
"Mas hoje, você verá uma Nova Iguaçu diferente!" - retruca Eduardo, para, então, prosseguir na sua narrativa de viagem:
"... E a sua direita no morro fica a lendária Igreja de Nossa Senhora das Cabeças. Ainda a sua direita, a Cruz da Promessa. Aqui é a Igreja de São Jorge." Virando, eles avistam o antigo Hospital Iguaçu aqui e a delegacia.

Ao chegar à delegacia, eles sobem à esquerda e seguem por uma rua que sobe, aparentemente sem fim. Para complicar a situação, um transformador de luz estava sendo trocado e tudo, daquele ponto para cima, estava escuro.
Uma Alice temerosa e com sussurrada e diz:
"Está tudo escuro!"
"Não se preocupe, é melhor ainda!"
O carro subia e subia e subia... Depois de uns 10 minutos subindo, eles chegam a um lugar que ela nunca tinha ido antes.
Eduardo pensava em apenas mostrar Nova Iguaçu de um lugar bem alto. "Como era bela ver aquela imagem da cidade de tão alto!" Todas aquelas luzes impressionavam, mas aquela falta de energia local fez também reluzirem as luzes das estrelas. Não era preciso dizer nada, apenas observar aquela beleza.
Era possível ouvir a respiração dos dois. Eles começam a aproximar os rostos: o beijo seria inevitáel, a respiração de dois fica mais ofegante, os seus lábios se aproximam mais e...
De repente, a luz se acende e interrompe aquele momento. Eles olham em volta e já estão sendo observados pelos poucos moradores.
"Vamos! Acho melhor vermos de perto !"Ele, então, a leva a diversos pontos em Nova Iguaçu. Mas o telefone de Alice tocava tanto, que ela desligou para não ser incomodada.
Ela conheceu bares, locais históricos como a fazenda São Bernardino; A histórica Igreja de Iguaçu Velho. Logicamente tudo com um detalhado relatório histórico de cada lugar. Eduardo ia contando diversas histórias da Cidade e Alice nem sabia que eram tantos os lugares.
Mais ou menos 4h30min!
"Deseja mais alguma coisa, cara senhorita?" - Eduardo fala em um tom divertido.
"Sim, comer algo. Estou faminta!"
"Sim, Senhora!" - Eduardo continua com seu tom mais do que engraçadinho.
E ele a leva ao único local a essa hora aberto mais próximo: um fast food.

sábado, 17 de dezembro de 2011

O dia do pai!

"Abaixa esse som Alice! Já mandei abaixar esse som!"
O pai de Alice entrou no quarto nervoso, metendo a mão na caixa de som e desligando tudo.
"Eu não consigo entender como você pode gostar desse barulho insuportável! Por que eu não consigo achar que isso que você faz é música? Pra mim isso é perda de tempo, Alice! Você pensa que a vida vai ser fácil com essa sua escolha?" - O pai dela sempre fica revoltado com o pouco tempo que a menina passa se dedicando à faculdade por causa de sua banda. Na verdade, o pai também não gostava nem um pouco da ideia de sua filha com um futuro tão promissor fazer faculdade de moda, preferiria administração, mas moda pelo menos poderia ser útil.
"Muitas pessoas ganham a vida e pagam suas contas trabalhando como músicos! Por que comigo iria ser diferente?" Alice questiona.
"Porque você não é todo mundo! Você tem um nome a zelar e deveria pensar no seu futuro, principalmente no futuro dos negócios da família."
Já aborrecida, Alice mal ouve as palavras seguintes do pai: "Você tem que decidir se você vai crescer ou vai continuar brincando de ser adolescente com esses moleques que também não pensam no futuro."
A menina fica revoltada com as palavras de seu pai, que deveria apoiar seus sonhos mas faz o contrário. Sem, ao menos, se dar ao trabalho de responder, ela sai de casa. Busca fazer alguma coisa diferente e esquecer a briga que tinha tido minutos atrás.
E quase que instantaneamente, Alice pega o celular e liga pra Eduardo, o chama para fazer alguma coisa.

Ele fica um pouco surpreso com o horário que a menina ligou mas vai ao encontro dela mesmo assim.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Um filme em nossas vidas

Eduardo não para de olhar o relógio...
No último encontro dos dois, Alice disse que gostaria muito de conhecer um pouco do menino. E ele a chamou para passar no trabalho dele, para depois irem ao cinema juntos. Alice concordou e disse que iria depois da aula. E o pensamento sobre Alice pairou na mente de Edu durante todo o dia.

Alice chega.

Eduardo, ao ver a menina, fica com um sentimento de felicidade que ele nunca havia sentido antes.
"E ai, Eduardo boa tarde!" - diz Alice.
"Você está linda!" - ele não consegue esconder o quanto está interessado.
Ela sorri pra ele e fica bastante envergonhada. Espera o rapaz fechar a loja, para poder fazer seu programa a dois, mas, antes disso, ela é surpreendida por Eduardo.
Ele trazia com ele um livro...
Alice ficou mais envergonhada ainda, mas não pensou duas vezes e abriu: era um livro raro, sobre arte antiga - um assunto que Alice adorava. Havia várias fotos das civilizações antigas, clássicas.
Na última página, estava escrito uma dedicatória “Para você nunca mais se esquecer de mim!” Com isso, Eduardo deixou a menina cantante e agitada, sem voz. Ponto pra ele!


quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

A Poeira... é Cósmica!

Chegou o tão esperado dia.
Eduardo mal conseguiu dormir de tanta ansiedade, tanto que chegou muito adiantado ao seu trabalho. "Que infantilidade! Chegando assim tão cedo o tempo só demorará mais a passar!" - pensou Eduardo.
Aquele dia de trabalho foi cômico: não conseguiu se concentrar um único instante, a ponto de um cliente pedir um livro de suspense e Edu oferecer Romeu e Julieta; outra hora, pediram romance e ele entregou Drácula. Não foi demitido por pouco.
Fim de expediente! Hora de correr e pegar o buzão para ver o ensaio.
"Que droga! Será que todos vão para a mesma direção?" - era o que parecia pelo tamanho do engarrafamento.
Eduardo chegou atrasado no ensaio e Alice estava cantando. Ele já não sabia se a voz dela era realmente hipnótica ou se tudo nela o hipnotizava. Não demorou muito para Alice perceber a presença dele: cantou mais uma música e pediu intervalo de quinze minutos. Os outros ficaram no palco conversando sobre como melhorar o arranjo, sabe como é? Músico é fominha mesmo!
Alice foi em direção a Eduardo e o coração dela parecia querer sair pela boca. Nunca tinha sentido nada igual! Em poucos segundos, ela já estava perto dele.
"Boa Noite! Tudo bem? Que bom te ver!" - disse Alice, cumprimentando nosso fotógrafo.
A partir daí, os dois começaram a conversar e descobriram como são parecidos: gostam das mesmas bandas; curtem atividade, como pular de parapente da Serra do Vulcão; na infância, subiam em árvores; amam cinema, principalmente filmes diferentes, e até gostam de macarrão instantâneo com catchup. Ele comenta sobre um filme, Rock Brasília, e a convida para verem juntos.

Uma voz no microfone os tira do universo à parte: "Alice, vamos! Eram só quinze minutos e não uma hora!" A conversa estava tão boa e tão natural que eles nem percebem o tempo passar.
Ela sai correndo, mas antes diz: "Sim, eu topo! Passo no seu trabalho e vamos juntos amanhã."
Enquanto escreve o endereço do sebo em um papel e o estende a ela, Edu diz "Combinado!". Ainda permanece uns segundos até o ensaio recomeçar, olhando, admirando e se deixando hipnotizar pela vocalista cósmica.