terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Um esconderijo a céu aberto

Alice levou Eduardo para um lugar de tamanha importância para ela, o lugar onde ela costumava compôr suas músicas, algumas poesias  e melodias: A cobertura de seu prédio. De lá, Alice podia ver grande parte da cidade, era seu esconderijo a céu aberto, costumava ela dizer.
Os dois se olharam e o silêncio se fez por alguns instantes, até que Alice o quebrou:
"Como você chegou aqui ?"
 "O modo como cheguei aqui não importa tanto quanto o motivo que me trouxe. É  motivo Alice. E você sabe qual é. É só você!"
Disse Eduardo  quase sem respirar, enquanto Alice encarava a cidade à tarde. Até que foi sua vez de dizer, pois ela olhou para o par de olhos esperançosos de Eduardo e perdeu o medo de suas palavras.
"Eduardo, me desculpe por ter saído da sua casa naquele dia, daquela forma... Foi medo, foi algo que não pude pensar direito, na verdade eu sei o que foi... E foi isso que me assustou."
Ela o olhava como um alguém abandonado, parecia solidão que se diluía em palavras. Mesmo se sentindo cada vez mais profundo naquele mar de dúvidas, Eduardo sabia que sendo Alice, ele respirava.
"Alice, você pode me dizer o porquê de ter ido? Juro que depois disso me sentiria menos louco."
Alice virou seu rosto na direção do vento e disse suavemente.
"Eu disse que sei o porquê o deixei naquele dia. Foi por ser algo novo, diferente, e verdadeiro pra mim." – Enquanto disse Alice deixou cair do bolso, uma fotografia que foi aterrissar aos pés de Eduardo. 
Era ele mesmo, em meio a pessoas que iam para todas as direções, estava com um ar perdido, de quem estivera sonhando e acordara sem saber onde estava.
Ele pegou a foto com as mãos e Alice o encarou quase sem acreditar que deixara aquilo acontecer: a fotografia de  Eduardo confirmou o sentimento novo que Alice descobria. Mas as mãos dele já estavam no rosto dela, e ela não se sentiu só, nem medo houve.
O sorriso mais belo foi desenhado no rosto dos dois, o sorriso verdadeiro de quando não se precisa falar nada, quando não há tempo, nem verbos que quebrem um silencio tão completo.
Assim como aquela fotografia, Alice entregou a ele também seu sentimento, que era diferente e verdadeiro. E aquilo se encaixava perfeitamente no sentimento de Eduardo por ela.

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