sábado, 31 de dezembro de 2011

Estranhamente diferente


O dia já tinha amanhecido e Eduardo estava de pé,  pronto para ir para a faculdade. Antes de sair pela porta de casa, ele pegou a foto que Alice acidentalmente deixara cair em suas mãos noite passada, e a guardou no bolso. Não era por causa da cara dele na foto, mas atrás seu nome estava escrito com as letras engraçadas e belas de Alice. Com corações desenhados.
A viagem foi como sempre, trem lotado de pessoas. A manhã na faculdade não foi tão cheia, e Eduardo saiu mais cedo, o que deixou tempo livre. Mas estar livre, paradoxalmente, só o prendia mais em Alice.
Eduardo chegou em casa, tomou um banho e pensou em descansar para mais tarde poder trabalhar no sebo. Ele tentou pensar nos afazeres daquele dia. Livros chegando, e livros para catalogar. Mas nada prendia o suficiente para deixá-lo calmo, então desistiu por completo de tentar se segurar. Simplesmente, pegou o telefone.
O telefono tocou uma...duas...três...quatro vezes. E Eduardo já dizia a si mesmo.
“Ela não está em casa, e eu disse que ia ligar, será que liguei tarde? Será que ela está ocupada..?! Será que...”
Alice o interrompeu com voz meio sonolenta, porém feliz ao saber que era Eduardo, que  disparou convidando-a para sair mais tarde. Ela aceitou e, mais tarde, eles se veriam.
Na hora certa do encontro, às 21h30min, estavam eles juntos em um bar e, em frente, rolava uma festa de rock alternativo. As músicas ali chamaram a atenção dos dois, que curtiam, à distância, o som lá dentro.
A festa estava bem cheia, e ambos saíram do bar suficientemente altos, mas havia algo de diferente em Alice. Eduardo percebera. "Não era apenas a bebida."
Estava frenética e seu sorriso parecia cansado, algo nela não estava no seu lugar.
Os dois saíram da festa e, mesmo sabendo agora onde ela morava, Eduardo teve um vislumbre da imagem grotesca de seu pai ao vê-la naquela alegria frenética que estampava o cansaço no seu rosto.
Ele pensou em levá-la para a casa dele e ela logo concordou, mas agora iam eles, numa estranha distância, algo que estava prestes a surgir.

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