terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Dois lados da mesma roupa...


“Alice, prepare um figurino inspirado na década de 50, com uma pegada contemporânea!”
“Qual é o prazo?”
“Humm, uma semana. Você será a primeira a apresentar.”
A notícia caiu como uma bomba atômica na mente da vocalista. Mil coisas a fazer para a banda e ainda um figurino chato. Tudo bem que ela gostava de desenhar roupas, mas de forma livre. Essa pressão de ser a primeira e ainda com a temática forçada. Ah, como Alice odiava ser obrigada a fazer algo! Pior que nem poderia mais protelar, era o projeto final do semestre, na matéria que só aquela professora chata dava aula. Sem esse projeto, poderia ser reprovada e ter que aturar essa professora de novo seria pior, muito pior.
Às vezes, se deparar com essa realidade era meio tenso para Alice, perceber que nem sempre podia fazer o que estava em seu interior. A sociedade exigia certas condutas que Alice nem sempre concordava – quase nunca concordava. Enfim, se havia de ser assim, nesse caso não adiantava brigar.
Não poderia mais, pelo menos por uns dias, atualizar tudo sobre a banda na internet. Só alguns minutos por dia e olhe lá.

No início fora até difícil pensar, mas Alice gostava da coisa e estava começando a fluir na produção. Tanto que nem se lembrava mais da internet.Cada linha, cada botão, cada peça mínima do figurino era um pouco dela, era um pouco rock, um pouco moderno, um pouco forte, um pouco diferente, um pouco loiro. No final, a roupa era Alice.
Do outro lado da fibra óptica...
 Eduardo ficava cada vez mais aflito sem notícias da sua musa cantora. Havia sonhado com ela durante os últimos dias, mas sonhos não eram bastante, quando acordava, percebia a distância entre o sonho real e lembrança de uma fantasia. Não conseguia parar de conferir seu perfil no Facebook, quase a cada dois minutos para saber se a Alice tinha finalmente aceitado, entrado em contato, qualquer coisa...
Pior que Alice até conectava, mas era tão pouco o tempo e o destino parecia conspirar contra: Eduardo nunca a via on line.
Assim, se passaram alguns dias (dois ou cinco? nem sei), era uma roupa que tinha dois lados: um era o verso nas mãos de Alice, o outro era o avesso do desencontro para Eduardo.




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