Após o beijo, ambos olhavam para os lados na tentativa de disfarçar o semblante, e na procura por algo a dizer. Agora já era noite e aquela noite parecia mais fria, agora que o beijo tinha terminado. Alice olhou o relógio, já era tarde, mas ela nada disse.
Sobre a murada, estavam repousados a fotografia, e o scrapbook. Caídos um ao lado do outro, quando o beijo começou.
“E agora, o que eu digo? Será que devo dizer que foi a coisa mais incrível que me aconteceu... sei lá... nos últimos dez, vinte anos da minha vida, ou melhor, da minha inteira ?!” - Eduardo pensou, e sabia que não estaria mentindo pra si mesmo ao falar isso, mas não queria assustá-la, tinha medo de acabar com o clima que estavam.
Enquanto davam sorrisos sem graça e viam a cidade, estavam tentando achar o que fazer naquela situação. Observar a noite cair na cidade, e sobre eles, acabou sendo mais do que uma distração. Eles se aprofundavam mais em pensamentos, embora demonstrassem tranquilidade. Algo os uniu um pouco mais, em meio à aparente inércia que seguia.
Com as mãos próximas umas as outras, eles as uniram de um modo simples. Aquilo pareceu caloroso e deu vida à paz entre eles.
“O que ele deve estar pensando? Será que ele imagina o quanto isso significou pra mim? Acho que esse meu lugar aqui, onde sempre venho, vai ser mais do que um lugar para inspirações...Vou sempre lembrar do Edu aqui, com essa cara de bobo, me olhando, sorrindo pelos cantos da boca. E eu aqui não querendo parar de sorrir também...”
Alice pensava, até que ambos foram surpreendidos por uma voz rouca que gritava algo. Era o pai de Alice, ele queria mesmo era saber até quando ela ia ficar lá em cima com "o garoto", assim ele chamou Eduardo.
Eduardo se endireitou, ainda sem graça, sabia que tinha perdido a noção do tempo, assim como ela. Eles se abraçaram de um jeito sutil, no qual poderiam ficar pela madrugada toda.
"Bom...Foi muito bom, digo...incrível, er...Obrigado..ah..Eu te ligo, e eu te..te ligo." – Aquilo era muito e a despedida não ajudou, foi difícil.
"Sim, Eduardo. Foi sim... E..." - Alice sorriu para ele dizendo, mas foi interrompida pelo seu pai que tinha dito mais algo incompreensível.
"Eduardo... Espero que sonhe com o que aconteceu hoje a noite, pois eu vou sonhar. Boa noite!"
E, antes que Eduardo pudesse dizer algo, ela fechou a porta. Antes lançou um olhar lindo, de carinho, deixando claro que, por ela, aquela porta não fecharia, e ele ainda poderia ficar.
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