sábado, 7 de janeiro de 2012

Apenas o início...


Assim que Eduardo compra o ingresso, o cara da bilheteria avisa que aquele era o último. Por sorte Eduardo estava com a carteirinha da faculdade e conseguiu pagar. Ele nunca foi tão feliz pagando meia-entrada.
O rapaz consegue entrar com dificuldade e vê a sua musa no palco.
Alice, no palco, vê a luz que entra pela porta e enxerga no perfil desenhado seu Eduardo. Não acredita no que vê. “Só pode ser uma alucinação!”
O perfil vai se aproximando com passos lentos e dificultados pela multidão.
Alice para de cantar. Sabe, no fundo, que não é uma alucinação. “É real!”
O perfil agora se torna alguém, o alguém tão esperado: Edu está ali, agora mais próximo do palco. As pessoas à volta estranham e iniciam um murmúrio.
Alice desce do palco. As pessoas abrem espaço para a passagem dela.
Eduardo tira do bolso a música que re-escreveu. Está a menos de um metro dela, finalmente. Entrega a música a Alice. Ela lê. Se emociona.
Eles se olharam e, antes dos lábios pronunciarem as palavras, já sabiam o que seria dito...
Em um sussurro baixo e intenso, três palavras são ditas por ambos. Ao mesmo tempo, as bocas se unem, enquanto falam: “Eu te amo”

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Perdas e ganhos


Eduardo acorda com a sensação de ter perdido algo. Quando olha para o lado, está sua mãe com o celular e um papel na mão.
“Sua amiga saiu há uns 30 minutos”, ela lhe entrega ambos.
Com pressa e sem entender o porquê, Edu lê o papel. Na mesma hora, fica inquieto. Sabia que tinha de sair dali na mesma hora, mas não conseguiria com sua mãe por perto. Tinha que pensar rápido. Como um flash, uma ideia surge na mente dele.
“Mãe, estou com sede. Pode trazer um suco pra mim?” – perguntou e fez aquela cara de cachorro “pidão” que a mãe não suportava.
Alice estava em casa, já havia ligado para todos e todos estavam eufóricos, menos ela. Porque seria? Todos tinham apenas motivos para ficar felizes, mas ela não.
Assim que a mãe saiu, Eduardo pegou a mochila e começou a vestir suas roupas. Mas, sabia que tinha de ser rápido para sair dali antes que a mãe voltasse.
Alice pegou a mochila e as chaves do carro e da Kombi. Não podia esquecer o violão. Não costumava tocar violão no show. Não importava se haveria vaias, ou se o pessoal não gostasse. Ela faria uma parte acústica, se fosse preciso. Naquele dia ela cantaria a música feita para Eduardo.
Eduardo se veste e sai rápido, mas com cuidado. Não podia deixar que a mãe ou o médico vissem. Antes que chegasse ao fim do corredor, avista o médico. Olha para o outro lado, e vê a mãe vindo com o suco. “Droga! E agora?”
A Poeira Cósmica chega ao evento. Todos estavam muito falantes, mas Alice passou o caminho inteiro distante. Sua alma estava no hospital, com Eduardo.
Eduardo decide arriscar o lado do médico. Vê um enfermeiro indo para lá e fica ao lado do enfermeiro, se escondendo. Consegue passar pelo médico, sem ser percebido. Dali para frente, o caminho para a saída é livre. O fotógrafo sai do hospital, se sentindo um ninja.
Alice e o pessoal começam a arrumar as coisas. Montam os instrumentos. Fazem a passagem de som. E ela? Calada, sempre que possível.
Eduardo pega uma van para o local do show da sua vocalista preferida. Põe a mão no bolso e verifica se a música que fez estava lá. “Sim!” Estava. Um leve sorriso com uma dose de esperança invade o coração do rapaz. “Eu vou conseguir.”
A banda se prepara. Há muita gente no lugar. Eles estão felizes, mas a vocalista parece estar triste. Ninguém sabe o que há com ela.
Eduardo consegue chegar. Está na porta do lugar. Agora só resta entrar. “Tomara que o ingresso não seja caro...” – ele pensa, lembrando que não estava com muito – “... e que ainda tenha ingresso.”
Lá dentro, Alice está pronta. Ou pelo menos quase pronta. Falta algo para ela. Falta alguém. Falta Eduardo.
Do lado de fora, Edu ainda ouve uma voz conhecida, mas triste. “É ela!”
Alice inicia a primeira música, mas, nos pensamentos dela “Isso não será um show. Era pra ser o melhor, mas será apenas um lamento.”

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Sorte ou azar?

Alice chega ao Hospital da Posse, com uma sensação de urgência. Ela não tinha noção de como era lotado o lugar. Só de pensar no seu Eduardo ali, Alice sente um aperto no coração ainda maior. Por sorte, aquele era o horário de visitas e ela pôde vê-lo. Mas, não havia tanta sorte assim: ele estava dormindo. Alice conversou mais um pouco com a mãe dele, Dona Alda:
“Ele está bem?”
“Sim, foram só arranhões. O mais grave mesmo foi a fissura no pé, mas o médico falou que ele teve sorte.”
“Que bom. Fiquei bastante preocupada!”
“Ele fala muito de você, Alice... Você gosta dele não é?”
Uma Alice vermelha e envergonhada respondeu apenas com um aceno de cabeça, pois a voz – e ela já estava se acostumando a ficar assim quando o assunto era Eduardo – havia sumido.
“Bem, vou deixar você um pouco com ele, preciso de um lanche!” – respondeu Dona Alda, percebendo a dificuldade da garota em falar dos seus sentimentos.
Alice fica ali, olhando seu querido Eduardo. Pensou em como foi idiota por brigar com ele, quando ele só se preocupava com ela. Pensou em como foi idiota por não entendê-lo. Pensou em como ficou preocupada quando soube do acidente.
Ela estava perdida em seu mundo, quando uma ligação a traz de volta. Ela atende rapidamente e descobre que é o produtor de um evento grande.
“Oi, tudo bem?”
“Ah, sim. Alice, estou te ligando para perguntar se a Poeira pode tocar hoje, aqui?”
“Mas...”
“Eu sei, é muito em cima. Só que uma das bandas não pode vir, e pensei na sua. Sabe como é? Tem o mesmo estilo e tals.”
“Nós adoraríamos, mas tenho que falar com o resto do pessoal.”
“Ah, claro que eles vão querer. Fechado então! Já sabe que vocês abrem o evento né? Espero por vocês!”
Antes que ela pudesse falar algo, o telefone desligou. E a dúvida caiu sobre o coração da vocalista. Um golpe de sorte ou de azar que tudo acontecesse dessa forma? Olhou para o celular e para Eduardo.
Novamente, os pensamentos vêm para Alice como uma rajada. Ficar com Eduardo era o que ela queria, mas essa chance era única. Jamais o pessoal a perdoaria se ela não fosse. Pensou em como não conseguia sequer dizer que gostava dele para a mãe. Havia anos de estrada em jogo. E se eles conseguissem fazer sucesso, Alice não provaria o poder da música pros pais. Alice se sentiu uma perfeita idiota. Nunca havia se sentido assim na sua vida, mas começava a perceber o poder que Edu tinha em fazê-la descobrir novas coisas, mais do que isso, novos sentimentos. Subitamente, pegou um pedaço de papel e escreveu algumas palavras.
“Gostaria que você estivesse comigo lá”. Assim terminava o bilhete. Deixou embaixo do celular de Edu e saiu, apressada e triste.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Eduardo no hospital

Com uma visão ainda nublada, Eduardo abre os olhos. Ele já estava no hospital, já havia sido medicado e sua mãe estava sentada, olhando pra ele. Parecia muito mais aliviada ao ver o rapaz abrindo os olhos.
"Eduardo, como você está meu filho?" - antes de ele responder, ela continua - "Tanto que eu te falo pra você prestar atenção na rua e você me dá um susto desses!"
A mãe parecia muito preocupada com o estado de saúde do rapaz, que só tinha sofrido uma micro-fissura no pé.
Ele não conseguia falar direito, só conseguiu segurar a mão de sua mãe, pois os remédios ainda estavam agindo e ele se sentia dopado. Eduardo acaba fechando os olhos de novo e a mãe dele sai para tomar café, levando a mochila do rapaz.

“Não consigo entender por que ele não me atende” Era o pensamento de Alice, sem saber de nada, mas pensando mil coisas do rapaz. E, a cada ligação que ele não atendia, mais ela se preocupava.

A mãe dele resolveu ligar o celular de Eduardo, para caso alguém ligasse, e quase que instantaneamente, Alice conseguia realizar a sua chamada:
"Alô?" – A mãe de Eduardo atende com uma voz ainda de preocupação.

Alice estranha a mãe de ele ter atendido e fica ainda mais preocupada.
"Oi, boa tarde, gostaria de falar com Eduardo!"

"Minha filha, aqui quem fala é a mãe dele, ele acabou de sofrer um acidente e está hospitalizado."

Sem muito o que falar e com uma preocupação enorme, Alice pegou o endereço do hospital e foi correndo em busca de notícias. Principalmente, querendo ter certeza de que ele estava bem.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

O avesso das coisas...

"Droga Alice! Você sabia que precisávamos desses projetos pra hoje! A única coisa que você tinha que fazer era trazer! Não sei onde você está com a cabeça! Juro que não sei!" Com tantos dias pra esquecer alguma coisa em casa e Alice foi escolher logo o dia de entrega de projetos. Sua amiga Sophia discutia com a menina enquanto ela tentava resolver esse imprevisto. Alice parecia não estar ali, sua cabeça parecia que iria explodir. Sentia um sono que parecia não passar, nem se ela dormisse 36 horas... Mas ela não poderia relaxar, pegou seu carro e foi correndo para sua casa, onde estava seu projeto.

Quase que no mesmo horário, Eduardo acabava de acordar. Tinha faltado às aulas na faculdade, mas não parecia muito incomodado. Por mais que tentasse, não conseguia levantar da cama. Ficou deitado por mais algumas horas, olhando pro teto e esperando algum tipo de ânimo pra viver aquele dia. Sentia que havia algo errado, sentia que aquele não era um dia comum.


Alice chegou quase no final das apresentações do projeto e se tivesse tido sorte ela conseguiria apresentar seu trabalho. Mas sorte não era a palavra de ordem naquele dia do avesso. O professor percebeu a falta da parte dela. Era certo que quase tudo estava dando errado, mas o trabalho dela estava impecável. E, assim, ela acabou tendo que conversar muito com o professor. No fim, acabou conseguindo apresentar sua parte um outro dia. Ela até ficou aliviada: "Não era um bom dia!"

No outro lado da cidade, Eduardo almoçava, ainda sem ânimo pra sair de casa, mas preocupado com horários, pois o trabalho era a única coisa que ele não poderia faltar. Pegou sua mochila, verificou se seu Bilhete Único estava em seu bolso e trancou a porta, como um dia comum. Pena que não era um dia comum... 
Eduardo atravessou a rua, indo em direção ao ponto de ônibus perto de sua casa, quando avistou que o seu ônibus estava vindo. Na tentativa de pegar aquele ônibus, o rapaz correu, fez sinal, mas o motorista não parou. Ele ficou nervoso, parado ali no meio da rua.

Olhou pra trás, pois ouviu uma buzina...

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Ressaca emocional

Ambos tinham muita coisa na cabeça.
Alice só pensava nas coisas que fez naquela noite e em tudo o que havia acontecido. Imagens da discussão que os dois haviam tido surgiam na sua cabeça. As palavras que os dois jogaram os magoaram demais. 
Enquanto isso, Eduardo permanecia em sua casa, chateado com tudo o que havia dito à menina na noite anterior. E com um único pensamento: "Será que devo procurar ela?".
Após algum tempo inquieto em seus pensamentos, ele pega em sua carteira uma folha de papel. Lá estava a letra que Alice havia escrito pra ele.
Ao ler aquela letra, aquelas palavras, ele já não conseguia esconder a preocupação que sentia por ela. Eduardo estava mal pela briga e só conseguia pensar em abraçar Alice novamente, nem que fosse para não falar nada, só queria acalentar seus corações e pensamentos.
Foi aí que surgiu a ideia. Ele pega um caderno e uma caneta vermelha, pois sabia que era a cor favorita dela e começou a re-escrever. Tudo o que continha naquele papel foi modificado. Edu colocou todo o amor e preocupação que estava sentindo por ela.
Ao acabar de escrever, ele ligou o computador e enviou um e-mail para Alice dizendo: "De todas as pessoas no mundo, meu desejo só existe por você".
Com o computador ligado, a menina escuta o som de e-mail chegando, vai olhar imediatamente e se surpreende com as belas palavras do rapaz. Sem saber muito o que fazer, mas muito emocionada com tudo aquilo, a menina manda um sms para ele: "Quando se abre uma porta pra uma pessoa, qualquer um entra. Fico feliz que você entrou na minha vida."

domingo, 1 de janeiro de 2012

Mais uma vez sozinhos...

Por algumas ruas mal iluminadas, Alice e Eduardo vinham da festa. Ambos estavam alterados, mas Alice não estava como na noite em que Eduardo lembrava bem. A noite em que ela deixou sua casa sem explicações, mas também a noite em que ele a viu dormir pela primeira vez.
Alice já não parecia tão alegre e agitada, agora demonstrava em seu rosto um grande cansaço.
A casa estava silenciosa e escura, e essa era a única semelhança com o outro dia que estiveram ali juntos. Os dois entraram, Alice jogou sua bolsa em cima da mesa, a bolsa estava aberta e ela não percebeu quando ela caiu de lado e alguns de seus pertences saíram da bolsa.
Eduardo já não estava tão bêbado quanto antes, e quando foi deixar sobre a mesa sua chave, ele percebeu a bolsa aberta e o que caíra dela, uma pequena caixa havia aberto e dela alguns comprimidos se espalharam pela mesa. Alice estava mexendo na câmera de Eduardo, que estava guardada num armário que estava ali. Ela via as fotos tiradas, de modo aleatório e sem compromisso.
Eduardo pegou os comprimidos e sabia o que era logo quando os viu em sua mão, eram comprimidos de êxtase, e ele ainda percebeu alguns poucos anti depressivos no meio, lembrava da aparência dos anti depressivos pois sua mãe os tomou durante um tempo.
Alice foi ao seu encontro para saber o que se passava, e ele olhou para ela de forma triste, estendo as mãos e mostrando a ela o que acabara de descobrir, e Alice parecia perdida e desnorteada com aquilo. Ela andava de um lado para o outro.
"Alice! Eu sei o que são esses comprimidos, o que está acontecendo com você ? Ontem você parecia tão bem..."
"E eu estava, Eduardo, mas infelizmente minha noite não acabou naquele momento, eu queria muito poder deitar tranquila, mas existem outras complicações."
"Mas então, desde o começo da festa eu percebi que você estava diferente, e mesmo rindo e toda agitada você não parecia bem! Não parece a Alice de verdade!"
"Alice de verdade? Você não me conhece tão bem assim pra dizer isso. Eu tive uma briga com meu pai, um amigo meu tinha pedido pra eu guardar isso, e eu usei."
"Mas não é assim que se resolve, eu poderia ajudar você...Podia me ligar..."
"Eduardo, você me ajuda! Você é até mais que uma ajuda, mas simplesmente não é tão simples assim!"
Alice juntou algumas coisas em sua bolsa e um comprimido que ainda estava na mesa, e partiu para a porta, enquanto Eduardo tentou impedi-la. Mas ele sabia que nada iria adiantar naquele momento, ele não poderia simplesmente mantê-la ali. Apenas pediu que ficasse, mas ela olhou para trás com a mão já na porta.
"Eu preciso ir Eduardo, eu preciso ficar um pouco sozinha depois disso."
Enquanto Alice secava suas lágrimas abriu a porta e saiu.
O sol já tinha nascido entre as nuvens quando Alice foi para sua casa no bairro K11, e Eduardo ficou ali parado sem saber o que fazer, mas sentindo-se mais uma vez no vazio que conhecia bem.
Mais uma vez Alice partira, mas agora era uma situação diferente, ela estava triste e consequentemente ele também estava. Ele sabia que devia deixá-la sozinha, seria melhor para ela, mas foi difícil ficar em casa.
O dia amanhecia nublado, e combinava com a sensação de tristeza a sua volta.
Mais um dia surgia para os dois, mas a sensação era de estar anoitecendo, na escuridão.
Eduardo deitou no sofá, e apenas fechou os olhos pensando em Alice, e em como ela estava.

sábado, 31 de dezembro de 2011

Estranhamente diferente


O dia já tinha amanhecido e Eduardo estava de pé,  pronto para ir para a faculdade. Antes de sair pela porta de casa, ele pegou a foto que Alice acidentalmente deixara cair em suas mãos noite passada, e a guardou no bolso. Não era por causa da cara dele na foto, mas atrás seu nome estava escrito com as letras engraçadas e belas de Alice. Com corações desenhados.
A viagem foi como sempre, trem lotado de pessoas. A manhã na faculdade não foi tão cheia, e Eduardo saiu mais cedo, o que deixou tempo livre. Mas estar livre, paradoxalmente, só o prendia mais em Alice.
Eduardo chegou em casa, tomou um banho e pensou em descansar para mais tarde poder trabalhar no sebo. Ele tentou pensar nos afazeres daquele dia. Livros chegando, e livros para catalogar. Mas nada prendia o suficiente para deixá-lo calmo, então desistiu por completo de tentar se segurar. Simplesmente, pegou o telefone.
O telefono tocou uma...duas...três...quatro vezes. E Eduardo já dizia a si mesmo.
“Ela não está em casa, e eu disse que ia ligar, será que liguei tarde? Será que ela está ocupada..?! Será que...”
Alice o interrompeu com voz meio sonolenta, porém feliz ao saber que era Eduardo, que  disparou convidando-a para sair mais tarde. Ela aceitou e, mais tarde, eles se veriam.
Na hora certa do encontro, às 21h30min, estavam eles juntos em um bar e, em frente, rolava uma festa de rock alternativo. As músicas ali chamaram a atenção dos dois, que curtiam, à distância, o som lá dentro.
A festa estava bem cheia, e ambos saíram do bar suficientemente altos, mas havia algo de diferente em Alice. Eduardo percebera. "Não era apenas a bebida."
Estava frenética e seu sorriso parecia cansado, algo nela não estava no seu lugar.
Os dois saíram da festa e, mesmo sabendo agora onde ela morava, Eduardo teve um vislumbre da imagem grotesca de seu pai ao vê-la naquela alegria frenética que estampava o cansaço no seu rosto.
Ele pensou em levá-la para a casa dele e ela logo concordou, mas agora iam eles, numa estranha distância, algo que estava prestes a surgir.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Após o beijo

Após o beijo, ambos olhavam para os lados na tentativa de disfarçar o semblante, e na procura por algo a dizer. Agora já era noite e aquela noite parecia mais fria, agora que o beijo tinha terminado. Alice olhou o relógio, já era tarde, mas ela nada disse.
Sobre a murada, estavam repousados a fotografia, e o scrapbook. Caídos um ao lado do outro, quando o beijo começou.
“E agora, o que eu digo? Será que devo dizer que foi a coisa mais incrível que me aconteceu... sei lá... nos últimos dez, vinte anos da minha vida, ou melhor, da minha inteira ?!” - Eduardo pensou, e sabia que não estaria mentindo pra si mesmo ao falar isso, mas não queria assustá-la, tinha medo de acabar com o clima que estavam.
Enquanto davam sorrisos sem graça e viam a cidade, estavam tentando achar o que fazer naquela situação. Observar a noite cair na cidade, e sobre eles, acabou sendo mais do que uma distração. Eles se aprofundavam mais em pensamentos, embora demonstrassem  tranquilidade. Algo os uniu um pouco mais, em meio à aparente inércia que seguia. 
Com as mãos próximas umas as outras, eles as uniram de um modo simples. Aquilo pareceu caloroso e deu vida à paz entre eles.
“O que ele deve estar pensando? Será que ele imagina o quanto isso significou pra mim? Acho que esse meu lugar aqui, onde sempre venho, vai ser mais do que um lugar para inspirações...Vou sempre lembrar do Edu aqui, com essa cara de bobo, me olhando, sorrindo pelos cantos da boca. E eu aqui não querendo parar de sorrir também...”
Alice pensava, até que ambos foram surpreendidos por uma voz rouca que gritava algo. Era o pai de Alice, ele queria mesmo era saber até quando ela ia ficar lá em cima com "o garoto", assim ele chamou Eduardo.
Eduardo se endireitou, ainda sem graça, sabia que tinha perdido a noção do tempo, assim como ela. Eles se abraçaram de um jeito sutil, no qual poderiam ficar pela madrugada toda.
Mas Alice o levou a porta.
"Bom...Foi muito bom, digo...incrível, er...Obrigado..ah..Eu te ligo, e eu te..te ligo." – Aquilo era muito e a despedida não ajudou, foi difícil.
"Sim, Eduardo. Foi sim... E..." - Alice sorriu para ele dizendo, mas foi interrompida pelo seu pai que tinha dito mais algo incompreensível.
"Eduardo... Espero que sonhe com o que aconteceu hoje a noite, pois eu vou sonhar. Boa noite!"
E, antes que Eduardo pudesse dizer algo, ela fechou a porta. Antes lançou um olhar lindo, de carinho, deixando claro que, por ela, aquela porta não fecharia, e ele ainda poderia ficar.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Uma surpresa brilhante

Além da luz nublada daquela tarde, havia algo brilhante nascendo no rosto de Alice. Era uma lágrima que ela deixava cair, enquanto absorvia o que tinha acabado de acontecer. Alice tentou disfarçar, se assustou com a própria lágrima e o como aquilo foi bom para ela.
Eduardo se aproximou e secou sua lágrima com um toque suave no rosto dela. E esse mesmo toque a trouxe suavemente para mais perto dele, se olhavam sabendo o que estava para acontecer, mas tudo parecia durar muito mais tempo.
Quando fecharam os olhos, já estavam em um beijo que se misturava de leve com um toque salgado de uma lágrima, que não caíra do rosto de Alice.
Os pensamentos deles partiam pela pré-noite, no primeiro beijo. O beijo foi fluindo e acelerando muito mais do que o coração. Em suas mentes, seus pensamentos voavam rápidos em um fluxo louco de sensações que se esbarravam umas com as outras, mas não era caos, não era nada ruim. Ao contrário, era algo bom que ambos sentiam  de verdade, pela primeira vez. Não era apenas um beijo, era algo além, um lugar onde eles sabiam quem era, e o que sentiam um pelo outro.  
Até que abriram os olhos e se afastaram lentamente, um olhando para o outro, o rosto dos dois era uma mistura de sentimentos, estavam claramente felizes mas também não sabiam o que dizer.
Estavam confusos e meio sem graça, entretanto exibiam um sorriso pequeno que por dentro se abria em um largo sorriso, sorriso o qual, logo, queriam eles exibir um para o outro.
“Alice! Desde o dia em que te vi, isso tudo me fez sonhar, e agora a sinto aqui tão perto de mim!” Era uma onda de felicidade e calmaria...
“Eduardo! Você me fez chorar, seu garoto... como você pode ter feito isso? Mas, seja como for, você o fez e do modo mais bonito, porque foi tudo de felicidade...”
“Já não bastava ser essa pessoa maravilhosa que ela é, ainda beija tão bem!!”
“Esse garoto... Eduardo, você é um estranho conhecido, alguém que faltava pra mim.”